A Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais fazendo parte de nossos locais de trabalho e vidas cotidianas a uma velocidade sem precedentes. Em particular, a IA pública – aquela disponibilizada para uso geral, muitas vezes de forma gratuita, está se tornando a predominante. É neste momento que a privacidade de dados passa ser um risco.
Com o investimento crescente de grandes empresas de tecnologia em IA e chatbots, como o ChatGPT da OpenAI, o Bing AI da Microsoft, o Bard do Google e o plano de Elon Musk para seu próprio chatbot, a IA generativa está se infiltrando nas empresas.
No entanto, como em qualquer tecnologia emergente, ela traz consigo tanto benefícios quanto riscos.
Privacidade de Dados: Riscos Ocultos no Uso de IA Pública
Um dos riscos mais importantes e frequentemente discutidos da IA pública é a privacidade de dados.
Quando compartilhamos nossos dados com uma IA pública, existe o risco de que esses dados possam ser usados ou potencialmente mal utilizados.
A Inteligência Artificial tem a capacidade de coletar, analisar e usar uma quantidade significativa de dados, muitas vezes sem o consentimento explícito do usuário.
Na prática, os colaboradores estão se voltando para a IA generativa para facilitar seu trabalho, mesmo quando essa tecnologia não é aprovada pela TI ou pelos gestores das empresas.
Isso ocorre porque eles encontram essas tecnologias úteis e, por isso, estão dispostos a pagar por elas, da mesma forma que compraram telefones celulares e computadores pessoais antes mesmo das empresas oferecerem esses dispositivos.
Isso leva a um cenário em que a Inteligência Artificial está sendo usada de maneiras que não são totalmente regulamentadas ou controladas, levando a potenciais problemas de privacidade de dados.
Desafios de Segurança na Era da IA
As falhas de segurança são outro risco significativo do uso da IA pública.
As Inteligências Artificiais são susceptíveis a vazamentos de dados e ataques cibernéticos, da mesma forma que qualquer outra tecnologia digital.
Em um mundo onde a IA está cada vez mais presente no local de trabalho, os diretores de segurança da informação (CISOs) precisam abordar essa tecnologia com cautela e preparar medidas de segurança necessárias.
A difícil jornada de garantir a segurança e proteger a privacidade dados
Em outras palavras, as empresas precisam pegar as lições aprendidas com a segurança da informação tradicional e aplicá-las à Inteligência Artificial.
Por exemplo, as empresas podem licenciar o uso de uma plataforma de IA existente, para que possam monitorar o que os colaboradores dizem a um chatbot e garantir que as informações compartilhadas sejam protegidas.
Esta abordagem vem com verificações e equilíbrios adicionais, como a proteção de informações confidenciais, a regulação de onde as informações são armazenadas e diretrizes sobre como os colaboradores podem usar o software.
Navegando pelo Labirinto Ético e Jurídico da Inteligência Artificial Pública
Além dos riscos de segurança e privacidade de dados, existem também preocupações éticas
No universo em constante evolução da IA pública, os riscos éticos e as implicações legais andam de mãos dadas.
As empresas que adotam a Inteligência Artificial devem se manter informadas e conscientes de ambas as dimensões para garantir um uso seguro e responsável da tecnologia.
Do ponto de vista ético, as IAs públicas, como o ChatGPT da OpenAI, são alimentadas com vastos conjuntos de dados que podem incluir informações pessoais ou sensíveis.
Para mitigar esses riscos, as empresas devem implementar diretrizes claras sobre o tipo de dados que podem ser compartilhados com a tecnologia e fornecer treinamento regular aos colaboradores sobre práticas seguras de compartilhamento de dados.
Se mal utilizados, os dados utilizados pela IA pública podem ser empregados para fins discriminatórios ou para reforçar vieses existentes
Do ponto de vista legal, o compartilhamento de dados com a Inteligência Artificial pública entra em conflito com regulamentações de proteção de dados como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) do Brasil.
O não cumprimento dessas obrigações pode resultar em penalidades significativas. Assim, as empresas devem garantir que qualquer interação com a Inteligência Artificial esteja em conformidade com essas regulamentações.
Isso pode incluir a obtenção de consentimento explícito dos usuários para o uso de seus dados e a implementação de medidas de segurança adequadas para proteger esses dados.
Aqui estão algumas ações práticas que as empresas podem tomar para um uso seguro da IA pública:
- Licenciamento de software:
Licencie o uso de uma plataforma de IA existente, o que lhes permite monitorar o que os colaboradores dizem a um chatbot e garantir que as informações compartilhadas sejam protegidas.
Isso também oferece proteção adicional por meio de verificações e balanços adicionais que são procedimentos padrão ao licenciar software.
- Desenvolvimento de IA personalizada:
Considere a criação de suas próprias IAs, o que lhes permitiria ter controle sobre os dados alimentados na IA e como esses dados são usados. Apesar de um custo elevado, pode ser uma opção.
- Educação e treinamento:
Forneça treinamento regular aos colaboradores sobre práticas seguras de compartilhamento de dados e o uso responsável da IA também faz parte das iniciativas de proteção.
- Auditoria e conformidade:
Audite regularmente o uso da IA para garantir que ela esteja conforme todas as leis e regulamentos de proteção de dados relevantes.
- Transparência e consentimento:
Seja transparentes com os usuários sobre como seus dados são usados e obter consentimento explícito antes de compartilhar quaisquer dados com a IA.
Busque uma Cultura de Uso Responsável e Seguro da Inteligência Artificial
Compartilhar dados com a IA pública pode trazer muitos benefícios, incluindo maior eficiência e capacidade de processamento. No entanto, também existem riscos significativos, incluindo preocupações com privacidade, segurança e ética.
As empresas e indivíduos devem estar cientes desses riscos e tomar medidas para mitigá-los.
Como vimos no decorrer do artigo, as empresas devem, por exemplo, considerar a criação de suas próprias IAs, o que lhes permitiria ter controle sobre os dados que são alimentados pela Inteligência Artificial e como esses dados são usados.
Além disso, é essencial que as empresas se mantenham atualizadas com as regulamentações de proteção de dados e garantam a conformidade com elas.
Por fim, é crucial que continuemos a educar a nós mesmos e a outros sobre os riscos e benefícios do compartilhamento de dados com a IA pública. Somente através da educação e da conscientização podemos garantir que utilizamos a IA de maneira responsável e ética.